28.4.10

meias palavras

Me declaro. As palavras que saem de mim são sempre verdades.
Embora eu saiba dizer meias palavras.
Nestas metades, guardo a intensidade que você ainda não soube merecer.
Desvio os olhares sempre confessos. É bom que eu te olhe pouco
para que não saibas o quanto de ti há em mim.
É bom que não tenhamos tanto de nós um na mão do outro.
Minhas meias palavras... E me calo... Porque também sei ser silêncio.
Meu barulho faço para disfarçar minhas margens
que transbordam de gestos teus. Gravei teus movimentos.
Te sinto na sombra dos meus versos...
Do meu corpo soam tics e tacs que insistem em contar meu tempo.
Cedo ou tarde... Nossas esquinas se cruzam no futuro de hoje.
E não há sobras de caminhos não traçados. Somos inexatos...
Suspeitos por transformar a vida em doce.
Condenados a manter laços. Mesmo que musicais...

Débora Andrade

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