28.12.10

Reduzi

Eu insisti muito. Na verdade pressuponho que fosse aceitável e entendível a qualquer um, que cruzasse meu espaço, e esbarrasse nas minhas pernas. Mas não era. Nem fácil, nem esbarrável. Meu tom, sumindo no meu som, aos poucos na minha mente. Meus fatos subindo aos poucos as escadas. Foi difícil. Doía e dolorido foi ficando, passando pra passado e futuro em um ar suspenso, impuro de quem se vê impossível, de encarar. Não é verdade que havia medo. Havia desespero. Desestrutura. Ansiedade e fome, antecedendo os fatos, recaptulando ações futuras. É pra quem odeia e ama, em grandes proporções, nesta mesmíssima sequência. Pra quem vive, e vive sonhando com os pesadelos. Não permitiram café. Moda. Água. A sede afoita, o olhar vazio, um corpo imenso. Eu dividi esse entre-espaço em cinco partes: da negação, da tristeza, do desespero, do ódio, e por fim, do amor. Mas enfim hoje, 102 dias, 23 kg a menos, estampados na figura de pernas cruzadas, ao som de gargalhadas, e pratos quase vazios. Saúde, dos pés a cabeça, frente, verso e mente.

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Claudilene Neves

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